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03 setembro 2010

À (ré) volução das máquinas

Revolução Industrial, um retrocesso humano.


Houve um tempo em que o homem era livre para produzir aquilo que ele realmente necessitava, ou não. Mas aí surgiram as “máquinas”.


   Há séculos uma grande mudança nos modos de produção modificou para sempre a capacidade dos homens de compreenderem o mundo ao seu redor. Perdiam-se ali todos os sentidos humanos. Visão, paladar, olfato, tato e audição não faziam parte do cardápio político-capitalista que surgia como o grande divisor de águas entre a produção manual e a produção fabril.

   Ferramentas por máquinas, energia humana por motriz, enfim uma “revolução” acompanhada por um processo de transformação evolutiva e tecnológica. Era assim, uma promessa de novos tempos, porém não era somente um corte na história, e sim um corte nas verdadeiras percepções humanas. Oito horas de trabalho por dia, quarenta semanais, duzentas e vinte e oito mensais. O que resta para um ser que vive em função de servir, produzir e repetir dia-a-dia todo este processo? Nada!

   Como olhar, sentir o gosto, respirar, tocar e ouvir? Ora, passava-se agora a viver como robôs, como as próprias “máquinas” num sistema de produção em massa. Homens em função de um fim, o lucro... Sim, esse é o verdadeiro preço do “progresso”.

   Aquela tão sonhada sociedade perfeita, como numa música com notas e melodias nos seus devidos lugares. Uma orquestra de um só músico. O maestro “produção” com sua batuta regendo a si mesmo sem o mínimo de consciência ou discernimento do caminho para o qual estava sendo levado. As “máquinas” nos tomaram todas as sensações, por mais intrínsecas que elas sejam. Vivemos até hoje em função de um pseudocomportamento social, não nos demos conta de que somos peças, engrenagens de um sistema de produção humana! Somos humanos ou produzimos humanos? Até que ponto realmente nos conhecemos, será que em algum momento paramos para nos questionar, avaliar, pensar, viver...

   Será que as “máquinas” terão de nos ensinar a usar as nossas próprias sensações, será que nossas vidas, tudo o que há de terrestre terá de nos ser ensinado?

   Ou será que precisaremos de um “Admirável Mundo Novo” para somente entender, não, não! ... Para somente sentirmos tudo aquilo que já é de si, que já vem de “fábrica” em cada indivíduo, em cada ser que habita essa imensa “indústria” terrestre?

   Ouvi dizer que hoje não somos mais indivíduos, somos no mínimo multivíduos com inúmeras personalidades. Que somos um de manhã, um no almoço e outro no jantar (no mínimo, não esqueça!). Nunca! Não admito que alguém queira definir um tipo, ou melhor, vários tipos de seres que devemos ser ou que temos de ser só porque algum estudioso disse que temos de ser. Recuso-me a ser o que alguém deseja que eu seja. Nietzsche já dizia a três séculos que existe um só caminho para cada um de nós, e que não devemos perguntar para onde ele nos levará, apenas segui-lo. É assim que tem de ser, cada um têm o dever de partir de si mesmo para que assim possa reconhecer-se enquanto Humano, Demasiado Humano!

   Sensações, percepções e sentimentos são “ferramentas” humanas meus caros. Que não são produzidas para um fim ou uma finalidade, não perca seu tempo querendo entendê-las, pois jamais conseguirá, porque elas estão para além de quaisquer revoluções ou evoluções que possam vir a surgir.

   Essa pseudodependência tecnológica na qual estamos inseridos apenas nos serve de paliativo contra esse imenso câncer político-social contemporâneo no qual vivemos.
Só tenha cuidado com tudo isso, pois...
Quanto mais Evoluímos menos Humanos nos tornamos.


Por _ | _ Gabriel Patrick | O Sociopa7a Analógico 

1 comentários:

Anônimo disse...

Vivemos num Eterno Retorno... hum?

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NÃO SEJA TÃO HONESTO